(*) Papo de Pracinha
Sobre a matéria publicada no último domingo, 25/02/2018, na revista Ela, do jornal “O Globo”, intitulada : ‘Digital influencers’ mirins bombam no Instagram:
Hoje, já temos um número considerável dos chamados Instakids, meninas e meninos, no Brasil e em outros países, que têm as suas vidas registradas nas redes socais e suas agendas lotadas de compromissos para a participação em eventos e para a produção dos posts que alimentam seus perfis. Quanto mais curtidas, maior o interesse de empresas/marcas em se associarem ao perfil desses digital-influencers mirins: “Presentinhos” – brinquedos, roupas, acessórios, materiais escolares, entre outros-, são enviados a essas crianças em troca de posts que divulguem/vendam as suas marcas.
Vejamos apenas dois exemplos dos que foram citados na matéria:
- Zayra Mariani – 4 anos, 92 mil seguidores. Aos 2 meses, sua mãe começou a postar fotos do seu cotidiano nas redes sociais, aos 2 anos, já participava de desfiles. Sua mãe, Sara Santos, largou uma fábrica e duas lojas de roupas fitness, para se dedicar totalmente aos posts do perfil da filha e à administração dos compromissos da filha, decorrentes deste “trabalho” (sim, é trabalho!).
- Hylanna Campos – 8 anos, 27,2 mil seguidores. Além das fotos para o Instagram, faz aula de teatro e atua em comerciais. A mãe, Lucielma Campos, diz: “não fico forçando a barra. Deixo-a fazer tudo no tempo dela”
Esses exemplos já são suficientes para levantarmos algumas questões relacionadas à vida dessas crianças:
- Até que ponto elas estão sendo impedidas de viver plenamente as suas infâncias? Como fica o tempo de brincar, experimentar, inventar, descobrir? E o espaço para fazer as suas próprias escolhas?
- Em que medida, ao assumir um lugar de protagonista no perfil e nas fotos postadas, elas têm possibilidades de criar e serem autoras de suas histórias?
- Seriam elas protagonistas? Ou fantoches nas mãos dos adultos que as produzem, geralmente seus próprios pais? Há escuta para o que elas realmente desejam para as suas vidas?
- O discurso infantil e, muitas vezes, a manifestação de muitas dessas crianças, em suas expressões, de parecer gostar do que fazem, não seriam, na verdade, uma forma de atender os desejos dos pais/mães?
- Como fica a relação dos pais com essas crianças, que, na maioria das vezes, passam a viver a vida dos filhos, fazendo delas o seu trabalho e o seu ganho financeiro?
- Quais os limites e as possibilidades de controle da exposição das crianças?
- E quando as produções dessas crianças envolvem sensualidade, erotização? Que consequências isso tem na vida dessas crianças? E de outras crianças?
- O que dizer, em relação aos valores que vão sendo construídos pelas crianças, ao participar de cenários, falas, muitas vezes forjados pelos adultos, para produzir imagens vendáveis e desfrutáveis nas redes sociais?
- É possível equacionar o “negócio”em que se transforma o perfil da criança no Instagram, com as necessidades, as vontades, os direitos, a segurança, a integridade e a ética que devem envolver a vida das crianças?
- Como as crianças lidam com as expectativas, pressões, críticas e, possivelmente, bullying, que fazem parte dessas realidades?
- Que conceito estão formando do que é ser? É ser visto nas redes sociais? Ter muitos seguidores? Muitas curtidas?
Sobre esse tema leia também o texto do Papo de Pracinha, “Quando os filhos são postos na vitrine.”
(*) Angela Borba e Maria Inês de C. Delorme
Leia a matéria do jornal O Globo na íntegra aqui.
É preciso que se reflita sobre a influência deste fato na infância das crianças e em nossa sociedade, essa exposição será benéfica para nossas crianças?
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Nossa o que estamos fazendo com nossas crianças? Não fazia ideia desses artista mirins da internet!
Amei o texto! Vem conhecer nosso blog também, tenho certeza que vai gostar!
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Obrigada pelo comentário Mamães Brasileiras pelo Mundo. Se vocês buscarem no Youtube, verão quantos artistas mirins já existem! E é impressionante o alcance que eles têm com as crianças, o que torna muito importante a reflexão sobre essa temática. Brevemente vamos publicar um texto sobre a publicidade feita por esses youtubers.
Visitamos o blog de vocês. Muito legal a iniciativa de criar uma rede de diálogo entre mães brasileiras pelo mundo! Parabéns!
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